Como lidar com o luto por um amigo?

Lidar com o luto por um amigo não é nada simples e fácil, apresenta diversas características próprias desse período, mas também peculiaridade conforme a relação, personalidade e o ambiente.

Justamente por isso, separamos um post com tudo o que você precisa saber sobre o tema, desde as fases do luto até algumas dicas que podem lhe ajudar a entender neste momento que perder um amigo tão especial é difícil e que sempre estará em nossa memória, mas chegou o momento de dizermos adeus e o que ficará são as saudades eternas . Confira!

luto por um amigo

Fases do Luto – Conhecimento e percepção

O luto é destacado no dicionário como um sentimento profundo de tristeza e originado a partir do desgosto, amargura e em um processo lento e doloroso.

Segundo Freud, o pai da psicanálise, esse processo provoca um afastamento de atividades e pensamentos ao passo que apresenta um rebaixamento no interesse do mundo externo.

Ao mesmo tempo, é importante considerar que o luto é mais comum quando acontece a perda de alguém, uma morte. Mas também pode acontecer por uma perda não seguida de morte, como o afastamento do sujeito, bem como com o fim de uma fase.

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Como quando você perde o emprego.

Cabe destacar que o luto não é algo exato, mesmo com algumas fases típicas. Logo, a partir da situação, é possível que cada indivíduo sinta aquela perda de uma maneira e reaja com as ferramentas que tem.

Justamente por isso, muitos respondem ao luto com um desprendimento da realidade, como se “nada tivesse acontecido”, enquanto outros não conseguem sair daquela dor.

Muitas vezes, o luto é descrito como uma sensação de vazio profundo e não de tristeza.

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Neste caso, a mistura de dores emocionais intensas causa a sensação de que algo foi retirado internamente e não poderá ser preenchido.

Já em relação às fases do luto, dividimos esse processo em 5. Mas nem todos os indivíduos vão passar por todas elas.

1# Negação

A negação é o primeiro estágio do luto e um dos mais marcantes para milhares de pessoas.

Dessa forma, ao se ver diante de uma perda, a primeira reação é buscar respostas contrárias, alternativas para que aquela situação possa ser explicada de outra forma. Uma maneira de evitar aquela dor. Essa negação é ainda mais comum quando a morte é uma completa surpresa.

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Por exemplo, quando você fica sabendo que alguém que ama muito sofreu um acidente de carro, uma pergunta comum é: mas será mesmo que foi ele, será que não foi outra pessoa?

A negação também pode envolver o sentimento. Ou seja, você entende o que aconteceu, mas tenta combater o que sente, buscando outras emoções.

Separamos uma série de posts completos aqui no Blog Fepo para você tirar dúvidas e saber mais sobre autocuidado, saúde mental e mais.

2# Raiva

Bastante característico no luto por um amigo, a raiva costuma funcionar como uma máscara para esconder a tristeza, mas também pode ser uma reação a emoção, ligada a incredulidade sobre o acontecido.

Não é incomum que a raiva seja direcionada para o amigo perdido, dizendo: “porque fez isso comigo?” ou mesmo em Deus, para os religiosos, questionando por que não atendeu as preces.

A raiva é um dos sentimentos mais fortes do ser humano, ligado a ideia de protesto, mas também a uma profunda frustração, insatisfação e insegurança.

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Dependendo da situação, a raiva também pode ser direcionada para terceiros, acusando-os pela morte, por não ajudarem ou algo assim.

3# Negociação

A negociação é chamada de barganha, trazendo a sensação de que você está no controle do que está acontecendo, seja da forma que for.

Nesta fase, existem diversas ações possíveis, como:

  • Questionar a si, com questões de: e se tivesse feito diferente, e se tivesse feito outra coisa, etc;
  • Buscar a fé, com a perspectiva de questionar a Deus, pedir que a situação mude, prometer ou tentar acordos absurdos, como o “trocar de lugar”.

Portanto, trata-se de uma maneira de tentar evitar a situação, resolver o mais rapidamente possível, se livrar dos sentimentos e assim por diante.

4# Depressão

A depressão é um dos estágios mais problemáticos do luto e, por vezes, pessoas ficam presas a fase por longos períodos, debilitando e provocando diversos danos.

Existem pessoas que, ao sofrer uma perda, entram diretamente nessa fase, mas é essencial diferenciá-la daquela tristeza inicial de choque.

Assim, inicialmente, você pode sentir que está muito agitado, como uma descarga de energia que pode causar diversas reações e o desejo por não ficar parado. Logo, muitos não conseguem parar de trabalhar, limpam a casa várias e várias vezes, vão a festas e mais.

Mas, quando a fase da depressão realmente chega, o sentimento de tristeza profunda é internalizado, causando uma sensação de vazio, como se as coisas estivessem passando por você, muitas vezes em câmera lenta.

Tudo isso eleva o isolamento social, fazendo com que você não queira ter outras pessoas próximas, sente que não é compreendido, que tudo e todos estão contra você.

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A depressão por luto é uma fase totalmente particular e única de cada indivíduo, assim como o transtorno, causando uma vivência particular. Daí a importância de respeitar os seus sentimentos, bem como as suas fases.

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5# Aceitação 

A aceitação é o momento no qual você percebe que a perda é real e permanente. Os relatos aqui envolvem a dor da saudade, que estará sempre presente, mas que pode se facilitar ao longo do tempo.

É importante pensar que aceitar não significa que a dor passou ou mesmo que a felicidade “voltou”.

Nesta fase do luto, passamos a entender que aquilo não poderia ser evitado, que não dá para “voltar no tempo” e que existe um caminho a ser seguido, outras pessoas que dependem e se importam, que você ama e mais.

Com isso, é um momento mais sereno, de clareza e que pode ser impactado por diferentes sensações e emoções, como frustração, falta e firmeza.

E aqui é importante ressaltar que o luto por um amigo pode começar com a aceitação.

Frequentemente, pessoas que tinham um estilo de vida mais problemático, como vício em drogas e álcool, dirigir de forma imprudente ou quaisquer outros, estão sujeitos a acidentes e morte.

Neste cenário, quando algo realmente acontece, muitos amigos e familiares rapidamente aceitam a situação.

Isso também pode ocorrer quando você precisa lidar com diversas questões além do luto. Dessa forma, “empurra” toda a dor para uma caixinha, na busca por equilibrar as demais obrigações.

O problema é que, um luto que não é vivenciado corretamente, pode causar danos na psique humana, retornando em outros períodos.

Ainda que não seja uma regra, muitos passam por períodos depressivos e de raiva anos após uma perda, sem conseguirem relacionar as duas coisas.

Como lidar com o luto por um amigo?

Mesmo conhecendo todas as fases do luto, passar por este processo natural não é simples quando perdemos um grande amigo e, muitas vezes, nos deparamos com situações delicadas.

Na cultura ocidental, por exemplo, muitos acreditam que o processo deveria ser mais rápido e menos doloroso, sendo que cada um vivencia isso de uma maneira. Em outras culturas, existem crenças e formatos diferentes de viver o luto.

Então, não basta saber que a raiva e a tristeza podem chegar, é essencial entender como lidar com essas emoções e saber o que fazer diante de dúvidas, quando o fardo da perda parece pesado demais.

Pensando nisso, os psicólogos da Fepo separaram algumas dicas de como lidar com isso.

O seu processo é único e merece respeito

Para começar, todo luto é válido.

Isso significa que a maneira como você reage a este sentimento é, provavelmente, a maneira como aprendeu a fazer isso ao longo dos anos, considerando as ferramentas que possui agora.

Se na infância você aprendeu que o luto e a perda eram questões naturais, que deveriam ser sentidas, é provável que passe por isso de forma mais tranquila e leve, vivenciando sem maiores problemas.

Entretanto, se não aprendeu a lidar com isso quando mais jovem, comum em famílias que não tem perdas por muitos anos, esses sentimentos podem ser internalizados e vistos com mais sofrimento e arrependimento.

Seja como for, respeite esse processo e entenda que, neste segundo, é essa emoção que você tem e que precisa sentir.

Entretanto, fique atento a sinais de perigo, como uma raiva em excesso ou uma depressão que paralisa toda a sua vida.

Nesses casos, procure ajuda profissional para sentir-se mais confortável e acolhido.

Aprenda a cultivar boas lembranças no luto por um amigo

As lembranças estão entre as melhores armas para lidar com o luto e até para aprender com ele, aproveitando melhor os momentos e evitando conflitos que não sejam necessários.

Basicamente, uma lembrança boa é aquela memória capaz de despertar algum sentimento positivo, como alegria, esperança ou amor. Mas lembre-se: mesmo com essas boas emoções, sentir saudade é natural.

O ideal é que você se lembre com carinho, sabendo que toda a história de vocês valeu a pena ser vivida e ressignificando a perda para, ao invés de sofrer por aquilo que não tiveram, lembrar do que só vocês compartilharam.

Dessa forma, cada indivíduo prefere fazer isso de uma maneira.

Alguns visitam locais especiais para o amigo, onde foram juntos, outros colocam fotos em um mural, escrevem, conversam com outras pessoas ou apenas guardam na memória.

Não tenha medo de aceitar ajuda

A ajuda significa que outra pessoa está vivendo ou já viveu o mesmo que você, ou ao menos entende a situação pela qual está passando.

Quando uma perda significativa acontece, é comum tentar afastar os demais, para evitar que eles vejam o seu sofrimento. Entretanto, as pessoas realmente importantes, e que se preocupam, devem estar sempre por perto.

Mas, para isso, você não deve afastá-las e aceitar toda a ajuda.

Frequentemente, essa ajuda vem “disfarçada”, como uma ida ao supermercado ou shopping, um dia em casa vendo filmes, em conversas, sem motivo, em fazer planos para o futuro.

Afinal, cada um vê a situação de uma maneira, mesmo compreendendo o sentimento.

Então, converse com essas pessoas, fale o que está sentindo, discutam sobre o que podem fazer juntos e, se nada funcionar, aceite unicamente a companhia, mesmo que cada um faça uma coisa diferente.

Porém, se notar que pessoas tóxicas estão tentando essa aproximação, como aquelas que dizem que você não deveria sofrer assim ou que não entende o motivo de tanto “drama”, converse sobre o assunto e, se persistir, prefira se afastar dessas pessoas.

Em um momento de luto, toda dor é válida e todo processo deve ser respeitado e preservado, sem isenções.

Viva um dia de cada vez

Muitas vezes, quando algo ruim acontece, como uma morte, é natural pensar que ainda existe um futuro a ser vivido. Justamente por isso, muitas pessoas começam a planejar e focar toda a energia naquilo que está por vir.

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De maneira geral, esse não é um problema, desde que realmente funcione.

Portanto, se você consegue equilibrar suas emoções se dedicando a coisas novas, mas ainda vive esse momento e o compreende, continue exatamente assim!

Mas, se você faz isso unicamente porque alguém disse que você deveria fazer ou como uma forma de driblar seus sentimentos verdadeiros, fique atento aos sintomas que isso pode gerar, como cansaço extremo, sensação de vazio e de solidão.

Neste cenário, o ideal é viver um dia de cada vez, com planos de curto prazo e focando no seu bem-estar.

Logo, você pode começar criando uma rotina simples e direta, com horários específicos e com tarefas fáceis de serem cumpridas.

Em seguida, adote novas medidas de autocuidado, como terapia e meditação, mas também pensando no seu físico, realizando alguma atividade física, faça arteterapia, relaxando uma hora por dia e assim por diante.

Isso permitirá que você se mantenha em funcionamento enquanto vive o luto, passar por todas as fases que vierem e permita que o luto por um amigo se torne uma lembrança capaz de lhe tirar um sorriso do rosto.

Ao mesmo tempo, se você conhece alguém que está passando o luto por um amigo, coloque essas dicas em práticas e:

  • Busque ser um suporte para ouvir o que ele tem a dizer;
  • Ajude em tarefas diárias, mesmo que não diga nada, apenas partilhando o momento;
  • Fique atento a forma como responde às coisas, mostre-se disposto a ser uma presença e ajudar;
  • Dê tempo ao tempo;
  • Não ignore o que aconteceu, fingindo que aquilo que não é real;
  • Incentive-a a buscar ajuda, a ter um tempo de reflexão e a cuidar de si mesma;
  • Se essa pessoa tiver filhos ou pets, ajude com as questões de higiene e cuidado, como passeios, trocas de fraldas e mais.

Enfim, acreditamos ser possível viver o luto por um amigo e conseguir viver com essa perda de forma saudável, mas, se você não estiver conseguindo seguir adiante, estamos aqui para ajudar.

Entre em contato, agende a sua consulta ou incentive o seu amigo a ter toda a ajuda que merece!

Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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