Aprenda a identificar a Síndrome do Impostor

Em um mundo que nos cobra cada vez mais, não é raro se sentir fracassado. Metas a cumprir, horário rígidos a seguir, conciliar o trabalho com as responsabilidades afetivas, cuidar da casa e de si mesmo. Tudo isso, com as redes sociais ditando os parâmetros de sucesso, na maioria das vezes impossíveis de alcançar. 

Nesse contexto, não é apenas o esgotamento físico e mental que dá as caras, mas também a sensação dolorida de que não somos capazes. Não somos capazes de ser bons profissionais, bons amigos, bons pais e filhos, bons companheiros. 

E você, sente com frequência que não está “à altura” do que o mundo (e você mesmo) espera de você? Saiba que você não está sozinho. Essa sensação de que você é um fracasso ou uma fraude tem nome: Síndrome do Impostor.

Segundo pesquisas recentes, em média 70% da população mundial sofre de sintomas relacionados à Síndrome do Impostor. E nos últimos 3 anos, com a pandemia de Covid e o surgimento de novos modelos de trabalho à distância, as manifestações desta desordem só parecem ter aumentado.

Entenda melhor o que é a síndrome do impostor, suas principais características, os impactos que ela pode causar na sua vida e meios práticos de superá-la.

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O que é a Síndrome do Impostor?

Sentir-se inseguro com relação a suas conquistas, principalmente as profissionais, não é incomum. A síndrome do impostor, entretanto, vai além da insegurança. 

Sua principal definição e característica é a incapacidade de reconhecer as próprias conquistas e de internalizar e assimilar o sucesso, mesmo quando esse sucesso é evidente. 

A pessoa que sofre com essa desordem sente que não é capaz de atingir nenhum resultado satisfatório com relação à vida profissional, mesmo que seu empenho e as suas realizações sejam visíveis para todos à sua volta. 

O que você faz e conquista, por melhor que seja, não é resultado do seu trabalho e qualificação, mas apenas sorte ou acaso. Em poucas palavras: você não é bom o suficiente não importando seus títulos, seu cargo ou mesmo o reconhecimento público.

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Essa insegurança em excesso aliada à falta de autoconfiança com relação ao valor do seu trabalho prejudicam o portador da desordem em vários níveis, desde profissionais até pessoais. 

Não é fácil viver dominado por um sentimento constante de que você e aquilo que você faz não têm valor.

E quais podem ser as causas relacionadas ao desenvolvimento dessa síndrome?

As pesquisas nesse sentido indicam que as causas são variadas e vão desde hábitos da criação familiar, até experiências vividas durante a adolescência, dificuldades financeiras, questões sociais e falta de incentivo durante a infância. 

Qualquer trauma que tenha gerado cobrança e insegurança em excesso pode ser um potencial estímulo para o desenvolvimento deste transtorno.

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Na vida adulta, a síndrome do impostor pode ter vários gatilhos que remetem à experiência traumatizante anterior. 

Os gatilhos mais comuns são mudança de cargo (seja quando você é rebaixado como quando você é promovido), alteração de papéis (quando as suas tarefas mudam e você passa a responder ou exigir novas ordens) e novas obrigações. 

Como essa desordem mexe principalmente com a nossa confiança e autoestima, qualquer mudança significativa que demande por novas experiências profissionais pode desencadear a síndrome. O medo de errar ou de ficar sob os holofotes (e ter que provar o seu potencial para os outros) também são fontes de problema.

Assim, podemos perceber que a síndrome do impostor é uma desordem psicológica que pode afetar qualquer pessoa, ainda mais no mundo moderno. Em uma sociedade marcada pela competitividade e por cobranças desmedidas, é fácil nos compararmos com outras pessoas (muitas vezes equivocadamente) e nos sentirmos inferiores. 

A auto cobrança acaba originando a ideia falsa de que precisamos ser o melhor em tudo e dar conta de uma demanda imensa de afazeres. Mas não somos super homens, não é mesmo? 

Precisamos aprender a reconhecer nossos limites e também as nossas vitórias para que, assim, tenhamos uma vida mais satisfatória e prazerosa.

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Como identificar a Síndrome do Impostor?

Quem sofre da síndrome do impostor costuma apresentar os seguintes comportamentos, que indicam que algo não vai bem:

  • Autossabotagem

Pessoas com esta desordem costumam se enxergar como impostores. Suas conquistas não são vistas como, de fato, êxitos que merecem admiração. Com isso, temos uma consequência grave: para essas pessoas o fracasso é algo inevitável, que acontecerá independente dos seus esforços e das suas qualificações. 

E se é assim, se eu não sou bom o bastante para conseguir qualquer vitória, de que me vale me esforçar ou mesmo seguir em frente? Dessa forma, o suposto impostor passa a agir de modo a arruinar as suas próprias conquistas. 

E isso nem sempre é consciente! Você consegue se reconhecer nesse cenário ou conhece outra pessoa que faz parte dele?

  • Procrastinação

Se você não se acha capaz de realizar bem uma tarefa, o melhor é evitá-la. Não é mesmo? Pois é assim que funciona a cabeça de uma pessoa que sofre da síndrome do impostor. 

Como ela não se considera apta, tarefas e compromissos importantes são deixados para depois, vão sendo adiados ou evitados o máximo que for possível. 

Além disso, pessoas com esta síndrome geralmente são perfeccionistas e acreditam que se não for muito bem feito, não é bom o bastante. A ideia, aqui, é evitar ser avaliado ou criticado pela realização de atividades, mesmo aquelas que (na realidade) se está apto a realizar. 

  • Autodepreciação

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Já que não merecem o sucesso que têm ou não acreditam que uma vitória sua seja fruto de mérito mas sim do acaso, os falsos impostores costumam se autodepreciar constantemente. 

Rebaixar os próprios feitos, desvalorizar suas capacidades, diminuir a importância de seus títulos e estudos: assim vive quem sofre da síndrome do impostor.

  • Se comparar com os outros

Colocar a experiência ou as conquistas dos outros como parâmetro para si mesmo nunca é uma boa pedida. Afinal, as pessoas são muito diferentes entre si e as suas habilidades também. Mas quando isso se torna praticamente uma obsessão é melhor prestar atenção! 

Pessoas com essa síndrome costumam se comparar constantemente. A falta de autoconfiança é motor dessas comparações: “eu não sou bom, mas fulano ou fulana é; veja as coisas incríveis que o outro é capaz de fazer, enquanto eu…”. 

A insatisfação pessoal com sua própria vida, resultado de uma auto estima baixa, coloca o foco na vida do outro.

  • Querer agradar a todos

Se por um lado o falso impostor se acha inferior, por outro lado ele tem a tendência de querer agradar a todos (o tempo todo!). O desejo de causar uma boa impressão é um objetivo clássico para tentar alcançar aprovação e, no caso de quem sofre dessa síndrome, é preciso se provar (bom) em todos os momentos.

Além disso, existe também o medo de ser desmascarado. Como você nunca se acha bom o suficiente para as tarefas que precisa realizar, é melhor investir em conseguir aprovação fazendo de tudo para deixar o outro confortável e contente. 

Às vezes, isso pode levar a pessoa a se submeter a situações indignas e humilhantes.

O que fazer para superar a Síndrome do Impostor?

  • Investigue seus sintomas e reconheça que você tem um problema

O primeiro passo para se libertar dessa síndrome é reconhecer a sua existência. Se você sofre de 3 ou mais dos comportamentos listados acima, talvez seja a hora de refletir e mudar o padrão. 

Não subestime a sua saúde mental e a sua qualidade de vida. Reconhecer que você tem um problema não te coloca em uma posição de fraqueza, mas sim de sabedoria. Querer melhorar e ter uma vida boa é indício de que você se ama e se respeita. 

  • Compartilhe as suas angústias e frustrações

Guardar tudo que você sente apenas para você mesmo pode não ser a melhor estratégia para lidar com os sentimentos de insegurança e ansiedade. Fale das suas aflições com alguém: pode ser um amigo, alguém da família ou mesmo aquele colega de trabalho em quem você confia. 

Pessoas experientes, por exemplo, podem te ajudar com bons conselhos e dicas. Além disso, podem te mostrar que se sentir inseguro sobre o próprio trabalho e as suas qualificações é algo normal e que precisamos aprender, pouco a pouco, a lidar com esse sentimento. 

Ser confrontado com a insegurança do outro pode te ajudar a tornar a sua insegurança menos terrível e incontornável. Você não está sozinho nessa!

  • Não alimente pensamentos negativos e de auto sabotagem

Você se sente um impostor e passa muito tempo da sua vida pensando maneiras de auto sabotar os seus próprios planos? Isso precisa mudar. 

Não deixe que os pensamentos negativos e auto sabotadores tomem conta de você e tomem seu tempo e sua energia. Ao ser confrontado por um pensamento deste tipo, não o alimente! 

Se você não der atenção ao pensamento, notará que ele vai acabar sendo substituído por outro. Dê atenção aos pensamentos que intensificam a sua autoconfiança e a sua produtividade. É acompanhado deles que você precisa ficar.

  • Abrace a imperfeição e as suas limitações

Todos temos problemas, dúvidas e medos. E, mais do que isso, todos temos falhas! Você (nem ninguém!) é perfeito. Lembre-se disso da próxima vez que começar a se cobrar demais ou sentir necessidade de se rebaixar. 

Respeite suas próprias limitações. Metas inalcançáveis ou compromissos  que você sabe que não vai conseguir cumprir não devem ser cogitados. Evite se comprometer com aquilo que você não pode ou não consegue fazer!

O que está ao nosso alcance é fazer nosso trabalho e as atividades do dia a dia da melhor forma que nos cabe. E isso significa que, às vezes, vamos falhar ou não conseguir atingir nosso grau de qualidade ideal. Quando isso acontecer: respire fundo, planeje seus próximos passos e mãos à obra.

  • Comemore suas conquistas

Celebre as suas conquistas, mesmo aquelas que você considera pequenas! Seu trabalho duro e dedicação te fazem merecedor de um pequeno momento de alegria e agrado. 

Focar naquilo que você conquistou ao invés de focar no que você deixou passar ou não atingiu é uma estratégia importante para que o seu valor profissional seja reconhecido pelos outros e por você mesmo. 

Assim, se alguém te elogiar, aceite o elogio! Reconhecimento e parabenizações são belos modos de aumentar a auto estima e costumam ser sinceros. Não racionalize demais a admiração que demonstram por você, apenas a aceite.

  • Busque ajuda profissional

Por último, mas não menos importante: busque a ajuda de um profissional. A vida é muito curta para você não acreditar no seu potencial, não valorizar as suas conquistas e fazer disso um costume que compromete a sua saúde mental. 

Lembre-se sempre que a síndrome do impostor se desenvolve de modos e em graus de intensidade distintos para cada pessoa. Sendo assim, quem melhor pode te ajudar com um diagnóstico sério e acertado é alguém habilitado para isso. 

Além disso, é também trabalho do psicólogo oferecer o tratamento mais adequado para o seu caso e fazer um acompanhamento atento da sua evolução. 

Não deixe o seu quadro se agravar. Quando esse transtorno permanece por períodos prolongados, há uma chance para haja a presença de outros transtornos (como transtorno de ansiedade, depressão, burnout e estresse crônico). 

Portanto, se você sentir que os sintomas dessa desordem estão afetando a sua qualidade de vida, procure ajuda. Como vimos no decorrer do texto, a Síndrome do Impostor é um mal que afeta o seu desempenho profissional e a sua auto imagem mas que pode ser tratado. 

Aqui na Fepo, você tem contato com profissionais qualificados que podem te auxiliar no diagnóstico e tratamento deste transtorno. Com a ajuda deles, você vai descobrir como respeitar suas limitações e fraquezas e aprender meios de driblar os pensamentos negativos e sabotadores. 

A terapia, inclusive online, é uma grande aliada no tratamento de diversos transtornos e pode te ajudar a compreender o melhor caminho na busca de uma vida emocional saudável.

Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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