Transtorno de Borderline – Conceito, sintomas e tratamento

O Transtorno de Borderline ganhou mais espaço nas mídias após uma série de pessoas da mídia comentarem sobre o caso, garantindo que mais conhecessem sobre o tema, bem como para desmistificar algumas ideias que existem sobre o assunto.

Afinal, é um dos transtornos silenciosos, confundidos com a questão da personalidade e que, em alguns casos, demora anos para ser diagnosticado, causando um rebaixamento na qualidade de vida do indivíduo e até mesmo de pessoas próximas.

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Neste aspecto, é essencial entender como exatamente esse transtorno é definido, quais são os sinais e como garantir que a sua vida tenha mais equilíbrio e tranquilidade.

O que é o Transtorno de Borderline

A princípio, o transtorno de personalidade borderline é um quadro clínico mental grave disforme, ou seja, que não segue uma linha exata.

Conforme o manual que caracteriza o transtorno a definição é: “padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos”. Esses relacionamentos podem ser com outras pessoas, como amigos e familiares, pares românticos e consigo mesmo.

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É importante entender que a disformia dessa doença significa que todos os sintomas ou problemas que esses indivíduos enfrentam não podem ser colocados em um único grupo.

Justamente por isso, nem sempre é fácil entender o que exatamente está acontecendo ou os motivos que levam o paciente a fazer o que faz.

Imagine que o borderline tem um jeito único de se expressar, sentir, agir, perceber e se relacionar com as demais pessoas. Todo esse jeito de ser fogo do padrão comum, a qual estamos acostumados ou que considerados normal e saudável.

Mas, para ficar mais simples de você entender, é essencial irmos por partes, explicando desde o início dessa classificação.

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Sendo assim, temos três grupos de transtornos de personalidade, onde está classificação acontece a partir de espectros.

A sindrome de Borderline está no Grupo B, juntamente aos antissociais, histriônicos e narcisistas.

Geralmente, quem está nesse grupo é chamado de imprevisível, dramático, complicados demais ou mesmo difíceis de lidar.

Já o termo “borderline” significa algo como “fronteiriço”, vindo diretamente da psicanálise. Em suma, esses pacientes não se encaixavam em outros transtornos, como os neuróticos ou psicóticos, mas ocupavam uma posição intermediária.

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Daí o nome.

Como são as pessoas com esse transtorno?

A partir da ideia de que o borderline é uma forma única de ser, os indivíduos se expressam através de uma mudança rápida no estado emocional.

Dessa forma, são aqueles que estão aplaudindo e felizes em um minuto, pulando de um lado para outro, e no instante seguinte chegar a um estado de tristeza profunda.

Além disso, todas as emoções são sempre muito intensas, que faz com que todas as fases sejam exaustivas, sejam elas eufóricas ou depressivas.

Portanto, são indivíduos que não ficam apenas contentes, mas que ficam extremamente felizes, mas que ao ficarem tristes, podem adotar uma postura completa de drama, como se estivessem no fundo do poço.

E não se engane, o sentimento é exatamente esse, em cada fase, como se chegasse ao ponto máximo da emoção.

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Devido a isso, a maioria dos pacientes buscam formas negativas de aliciar essas oscilações de humor, geralmente auto lesivas. Como usar qualquer tipo de lâmina para se cortar ou se “coçar”, queimar-se com cigarros ou outros itens, se jogar no chão ou mesmo se bater na parede.

Além disso, esses indivíduos passam por oscilações de amor e ódio que são direcionadas a si mesmos, contribuindo com o sentimento de ser indesejável, inútil ou vazio.

Cabe destacar que o transtorno de borderline frequentemente influencia no aparecimento de outros transtornos, como ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e comportamentos suicidas.

Então, se estiver apresentando qualquer um dos sintomas ou sinais de quaisquer transtornos, busque ajuda agora e proteja o seu bem mais valioso: a sua vida.

Borderline: Sintomas

Os sintomas do transtorno são as características que esses indivíduos apresentam de forma generalizada, ou seja, que podem sofrer variações, principalmente se houver outros distúrbios associados.

Entretanto, é comum apresentar:

Excesso de esforço para evitar abandono

Na prática, o borderline possui uma dificuldade em lidar com a rejeição, de qualquer tipo. E, por isso, evita a todo custo qualquer situação de abandono.

Então, são aqueles indivíduos que se doam por inteiro, fazem tudo sem reclamar e guardam todo o sofrimento para si, causando uma série de problemas.

Vale destacar que o abandono pode incluir o término do relacionamento ou simplesmente um atraso ou o cancelamento de um encontro por quaisquer motivos, demoras para responder ou não atender o telefone.

Idealização e desvalorização

Um sintoma característico do transtorno, geralmente direcionado a terceiros, é popularmente chamado de “8 ou 80” ou “é tudo ou nada”.

Isso significa que o paciente apresenta problemas para classificar pessoas além do amo ou odeio. No trabalho, por exemplo, ou ele adora o sujeito ou odeia, não existe essa de colega.

Além disso, se o indivíduo amado erra, pode começar a ser odiado, decorrente de uma visão perfeccionista do borderline.

Inclusive, vale para todas as pessoas, por mínima que seja a relação. Se ele tem uma consulta com um cardiologista e o médico precisa desmarcar, se “melhor do mundo” ele passa a ser “um lixo”.

Junto a isso de valorizar e desvalorizar, o borderline pode se aproximar rapidamente de uma pessoa, tornando-se intima, ou mesmo se afastar por qualquer frustração.

Perturbação ou instabilidade da identidade

Outro sintoma característico do transtorno borderline é uma perturbação da identidade ou mesmo uma instabilidade na percepção de si. Isso acontece porque o próprio indivíduo cria uma imagem das coisas.

O problema é que essa imagem é criada a partir de terceiros. Uma rejeição, por exemplo, pode ser associada a uma característica pessoal, como ser feio, mau, desajeitado, etc.

A maioria das pessoas relata que o sentimento é de ser deslocado, como se estivesse em um planeta que não lhe pertence.

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Neste cenário, muitos pessoas que sofrem disso adotam uma postura de camaleão.

Logo, se adapta a situação ou pessoas algumas horas, alterando suas próprias crenças, visual e até mesmo sua carreira. Geralmente, essas mudanças duram períodos curtos.

Por fim, outros sintomas comuns do transtorno são:

  • Impulsividade, principalmente para alívio rápido de algum sentimento;
  • Comportamentos destrutivos;
  • Comportamento, gestos ou ameaças automutilantes/suicidas;
  • Instabilidades afetivas;
  • Reatividade do humor;
  • Alterações de humor;
  • Sentimento de vazio contínuo;
  • Raiva de alta intensidade;
  • Dificuldade para controlar as emoções.

Situações que provocam picos de estresse intenso podem ocasionar dissociações transitórias ou ideação. Como uma paranoia de estar sendo perseguido, perda do controle da realidade e outros. Porém, são eventos isolados que findam.

Importante

Nenhum post ou vídeo tem efeito diagnóstico, sendo indispensável a busca por um profissional para avaliar o seu caso, a partir da sua individualidade.

Portanto, procure um psicólogo o quanto antes e evite maiores prejuízos na sua qualidade de vida e bem-estar.

Causas e comorbidades do Transtorno de Borderline

Assim como outros transtornos de personalidade, o borderline não tem uma causa única, sendo comum que o tratamento não inclua diretamente a causa, mas formas de lidar com o distúrbio.

Porém, especialistas afirmam que conhecer essas causas ou fatores de risco pode ajudar na procura por um diagnóstico precoce, evitando prejuízos para o indivíduo.

Então, podemos destacar:

  • Histórico familiar: os números mostram que pessoas que tem um familiar de primeiro grau com a condição, como pais, tem cinco vezes mais chance de apresentar o quadro;
  • Abuso de substâncias e outras doenças: além da condição direta, indivíduos com parentes diretos que abusam de substâncias ou tem outras doenças mentais também tem maior probabilidade de ter o transtorno;
  • Fisiológico: questões que causem falhas no cérebro, como lesões, drogas e álcool, afetando impulsos e humor;
  • Ambiente: situações de negligência, mortes prematuras próximas, conflitos e abusos de quaisquer ordens são comuns no histórico de pacientes.

Frequentemente, o paciente apresenta mais picos de crises em fases de instabilidade, por isso é comum entre o público jovem, mas pode apresentar uma melhora após os 40 anos.

Comorbidades

Não é incomum que os pacientes que possuem um transtorno de personalidade apresentem mais de uma condição. O que pode dificultar a compreensão e o diagnóstico.

Por exemplo, muitos pacientes confundem esse com o Transtorno Bipolar.

Os casos de depressão, por exemplo, podem ser acompanhados de pânico, ansiedade e até psicose.

Já no caso do borderline, as principais comorbidades são os transtornos alimentares, principalmente a bulimia, déficit de atenção, transtorno por abuso de substâncias, geralmente iniciada com álcool, depressão e o transtorno bipolar.

Por isso, o tratamento é amplo e, nesses casos, pode envolver diferentes profissionais, principalmente médicos e nutricionistas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do transtorno de borderline é feito por um profissional especialista em saúde mental.

Nas sessões, serão avaliados comportamentos, histórico, sintomas e queixas gerais do paciente.

Como se refere a um transtorno de personalidade, é essencial que a avaliação seja completa, diferenciando todos os sintomas e evitando diagnósticos errôneos, de outros transtornos.

Por exemplo, no caso de menores, alguns sintomas podem ser decorrentes de problemas de identidade, depressão e problemas, principalmente por ser uma fase de mudança e de alterações hormonais.

Além disso, o profissional precisa considerar o uso de drogas ou outros transtornos mentais.

Geralmente, quanto mais jovem o paciente, maior o tempo de análise, sendo recomendado até um ano de estabilidade nas características para fechar o diagnóstico.

Juntamente a isso, o tratamento começa com as sessões de psicoterapia, que podem ser acompanhadas de atendimento ambulatorial ou internação, quando há pensamentos suicidas e tentativa de suicídio.

Dessa forma, o tratamento consiste em mostrar ao paciente qual é o quadro e como ele se manifesta. Em seguida, são adotadas medidas de direcionamento.

Assim, o border deixa de direcionar a frustração para si ou terceiros, evitando quaisquer tipos de agressões, e buscando outras formas de compensação.

No mais, a psicoterapia vai te ajudar a lidar e evitar o esgotamento físico e mental, definir estratégias de avaliação e validação mais saudáveis, bem como técnicas de relaxamento.

Importante: o paciente também pode passar por diversas avaliações, fazer uso de medicamentos e contar com equipes multidisciplinares quando podem ocorrer as crises.

Transtorno de Borderline nas relações – Como a condição afeta núcleos de amigos e familiares, namoros e casamentos

O transtorno de personalidade borderline afeta profundamente todas as relações, contribuindo com o isolamento social e familiar, separações e novos traumas.

Afinal, se o mundo interno, do paciente com ele mesmo, já é difícil, os demais podem apresentar dificuldades para entender ou mesmo respeitar isso, causando frustrações contínuas.

Transtorno de Borderline

Devido ao medo do abandono, o borderline pode adotar posturas ainda mais complicadas, já que acredita que pode ser “deixado” a qualquer instante ou mesmo que será traído. O resultado, é uma relação que está sempre em prova.

Não é incomum que as relações sejam muito rápidas, já que o border se aproxima e idealiza aquele indivíduo, colocando-o como um novo amor, perfeito, sem erros.

Com isso, nasce e cresce os sentimentos de insegurança, ciúme e possessividade.

A instabilidade de humor pode contribuir com novos conflitos, ou mesmo “aparecer” de forma inusitada em situações diversas, inquietação, desconfianças e, o que antes era amor incondicional, pode se transformar em ódio.

Isso tudo acontece em qualquer tipo de relação, seja um amigo, companheiro, familiar e assim por diante. Todos atingindo seus próprios limites rapidamente.

Qual a solução?

Para que as relações funcionem, sejam aquelas que já existem ou novas, é essencial que todos os envolvidos entendam a condição. Para isso, além do border iniciar o tratamento, o ideal é que outros também o façam, principalmente em casos de companheiros.

Com os psicólogos da Fepo, o paciente entende e inicia o tratamento enquanto os demais entendem o funcionamento geral do sujeito e trabalham meios de reagir diante das flutuações do humor.

Afinal, é essencial que seja mantida a calma durante esses episódios, evitando uma progressão no quadro ou a continuidade crise, bem como novas. Mesmo que isso não seja fácil, e não é.

Recomendação

Os borderlines podem adotar uma postura de manipulação e agressividade. Por exemplo, muitos ameaçam o companheiro em casos de separação, dizendo que vão cometer suicídio.

Além de ser exaustivo para ambas as partes, o companheiro ainda se sente na obrigação de prezar pela vida do outro, ficando preso naquele status ao invés de querer fazer parte da vida do border.

Portanto, é imprescindível o acompanhamento psicológico pela preservação da saúde e vida de todos. Não hesite em dar o primeiro passo em direção ao futuro, que está a sua espera.

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Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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